sexta-feira, 11 de abril de 2014

Opção para ''mudar de vida''

Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Rio - A travesti Diana Silva, de 24 anos, é hostilizada por quatro jovens que passam em um carro preto. Dois deles — o carona e o do banco de trás —, projetam metade do corpo para fora do veículo enquanto proferem os xingamentos. Diana fica alerta, mas não recua. Pensa que não teria que ouvir as ofensas se já fosse uma empresária de sucesso. Enquanto não realiza o sonho, porém, vende o corpo por R$ 150 nas proximidades da Rodoviária Alex Novellino, em Cabo Frio. Para dar oportunidade a pessoas como Diana, foi desenvolvido um serviço que pode ser a porta de entrada para a obtenção de uma série de benefícios. Por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social, profissionais do sexo que utilizam espaços públicos podem ser inseridos no Cadastro Único (CadÚnico) e, com isso, tornam-se candidatos a receber o auxílio do Bolsa Família, participar do programa Minha Casa Minha Vida, ter desconto em contas de luz e isenção de taxas para inscrição em concursos públicos. Mas é a inclusão no Programa Nacional de Acesso Técnico e Emprego (Pronatec) que mais chama a atenção de Diana. “Quem sabe não é o primeiro passo para eu me tornar uma empreendedora? Quero ter um negócio meu, ser minha própria chefe”, sonha a jovem. “Penso em largar essa vida, mas não agora”, conta a travesti, que nasceu em Campos dos Goytacazes, mas viaja permanentemente pelas cidades do interior. “Sabe como é, né? Carne nova no pedaço faz mais sucesso”, completa, afirmando já ter ganho R$ 500 em apenas uma noite. Resultado de uma parceria entre governo federal e município, a medida divide a opinião dos moradores de Cabo Frio. “Sou contra incentivos para garotos e garotas de programa. Se eu oferecesse um emprego ‘digno’, com salário de R$ 1.000 ou R$ 1.500 para trabalhar, você acha que iriam querer? Claro que não. Os profissionais do sexo ganham bem mais que isso”, diz o comerciante Glênio Júnior, de 36 anos. O Ministério do Desenvolvimento Social informou que, além de Cabo Frio, outros 18 municípios fluminenses recebem o serviço. Menores eram explorados Desde que a Secretaria Municipal de Assistência Social começou o trabalho, em janeiro deste ano, 22 menores de idade foram inseridos no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Treze deles eram explorados sexualmente. Por meio de nota, a secretaria informou que o serviço não é exclusivo para profissionais do sexo, mas voltado a “quem está em situação de risco por morar ou sobreviver na rua.” Ao todo, 60 pessoas, incluindo dois idosos e sete crianças, foram abordadas e encaminhadas para as sete unidades do Centro de Referência Especializado em Assistência Social de Cabo Frio. A equipe da secretaria que percorre as ruas é composta por psicólogos, assistentes sociais e orientadores sociais. A favor, com restrições Moradora da rua que é usada como um dos principais pontos de prostituição de Cabo Frio, a aposentada V., de 68 anos, está há três meses tentando vender o imóvel. Ela reclama que já fizeram sexo em frente à sua casa e urinaram no muro da residência. “Sou a favor de incentivar essa gente a estudar. Vejo o Pronatec e a isenção de taxa de concurso público com bons olhos, mas não há motivo para oferecer qualquer outro tipo de benefício financeiro”, pondera a aposentada. Já a garçonete Michele Aparecida, de 29 anos, acredita que o serviço é essencial: “A maioria dos profissionais do sexo não está nessa vida porque quer, mas por necessidade. Eu pergunto: e se fosse um filho seu? Você não gostaria que tivesse estrutura para mudar de vida?”, defende. Enquanto isso, os próprios beneficiados têm dúvidas sobre a medida. A travesti Hágata Medly, de 25 anos, é cética com relação ao serviço. “Já perdi a conta do número de lugares em que deixei o currículo. Tentei ser atendente de loja, vendedora, garçonete... Até me chamam para a entrevista de emprego, mas quando veem que sou travesti, percebo o olhar de desaprovação do entrevistador. Se o preconceito já é grande com prostitutas mulheres, imagina com travestis? Infelizmente, acredito que isso ainda vai levar um bom tempo para mudar.” Reportagem de Paulo Capelli, fonte http://odia.ig.com.br/odiaestado/2014-04-11/opcao-para-mudar-de-vida-em-cabo-frio.html

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Fruet vai enfrentar mais uma Greve dos Educadores

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), deverá enfrentar nova greve de educadores dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) a partir do dia 14 de maio. A decisão foi tomada ontem (8) pela categoria que se reuniu em assembleia. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) afirma que a Prefeitura de Curitiba enrolou os educadores que, em 22 de março, suspenderam a greve, depois de cinco dias, diante da promessa do prefeito de estudar a implantação da jornada de 30 horas de trabalho e atender demais reivindicações de 4 mil educadores da capital. “30 horas são inatingíveis”, respondeu ontem a secretária Municipal de Recursos Humanos, Meroujy Cavet, no prazo fatal estipulado entre Prefeitura e Sismuc. A negativa à reivindicação poderá deflagrar novo movimento paredista mais radicalizado. Segundo os sindicalistas, a Prefeitura encaminhou carta aos pais com o objetivo de desmoralizar o sindicato e o movimento grevista. O Sismuc diz que vai reagir às “mentiras” da gestão Fruet contrapondo às argumentações da Prefeitura, além de denunciar o descumprimento de promessas como implantação de 33% da hora-atividade a partir de 2014. O pedetista se compromete em cumprir apenas 20% da hora-atividade, segundo o sindicato. Fonte http://www.esmaelmorais.com.br/

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Doleiro fez ponte com Saúde, diz empresário

Folha de S. Paulo
Foi o doleiro Alberto Youssef quem conseguiu financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde para o laboratório Labogen por meio de “contatos políticos”, segundo depoimento à Polícia Federal de um dos sócios da empresa, Leonardo Meirelles. Um dos contatos políticos de Youssef é o deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara, segundo interceptações de mensagens feitas pelas PF. Em uma das mensagens, reveladas anteontem pela Folha, Youssef e Vargas falam sobre a Labogen, segundo relatórios da Operação Lava Jato. Vargas diz ao doleiro que a reunião com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Gadelha, “foi boa demais”. “Ele garantiu que vai nos ajudar”, afirma. A Labogen assinou em dezembro do ano passado um acordo com o Ministério da Saúde para produzir o citrato de sildenafila, o Viagra, usado para tratamento de hipertensão pulmonar. À época, o ministro era Alexandre Padilha (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo. O acordo previa pagamento de R$ 31 milhões em cinco anos e fazia parte de um programa cujo objetivo era a “redução de preços de produtos estratégicos para a saúde”. Meirelles foi preso pela Operação Lava Jato, que investiga lavagem de dinheiro, e decidiu colaborar com a PF. O empresário contou que nunca teve contatos com o ministério. Outro sócio da Labogen, Pedro Argese, também colabora com a PF. A Labogen foi usada por Youssef para fazer remessas ilegais ou internalizar US$ 37 milhões (R$ 84 milhões) com a simulação de importações e exportações, segundo a PF. O financiamento de R$ 31 milhões para a Labogen foi cancelado pelo Ministério da Saúde na quinta-feira, após a Folha questionar a instituição sobre suspeitas da PF. E-mails apreendidos apontam que o diretor de produção industrial e inovação da pasta, Eduardo Jorge Oliveira, teria orientado a Labogen a se associar com a EMS. Na parceria, a EMS cuidaria sozinha da produção de 35 milhões de comprimidos ao ano. A suspeita da PF é que a Labogen foi usada apenas para pagar propina a servidores públicos por causa da diferença de porte entre as empresas. A Labogen tem folha de pagamento de R$ 28 mil. Já a EMS é o laboratório com o maior faturamento no país (R$ 5,8 bilhões em 2012). OUTRO LADO André Vargas disse ontem, em pronunciamento na Câmara, que orientou Youssef “a respeito de encaminhamentos burocráticos no Ministério da Saúde”, como faz “normalmente” com quem o procura com projetos “viáveis e de interesse público”. Disse ainda que não participou, não agendou, não soube previamente nem acompanhou nenhuma reunião no ministério sobre qualquer assunto relacionado à Labogen. O Ministério da Saúde diz que nunca teve contato com a Labogen. Não houve pagamento, segundo a pasta, porque isso só ocorreria após a entrega do medicamento. O advogado de Youssef disse que fazer contatos políticos não é crime e que não há provas contra seu cliente. Padilha disse apoiar a apuração aberta pelo ministério e a suspensão da parceria. O advogado de Leonardo Meirelles não quis se pronunciar. O defensor da Labogen diz que as suspeitas de que a Labogen é uma empresa de fachada são infundadas. A EMS diz que a parceria obedeceu “critérios técnicos”.