segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Drogas...cada vez mais cedo.

Os jovens brasileiros estão usando drogas cada vez mais cedo. Segundo os especialistas, a iniciação hoje ocorre entre os 12 e 13 anos. O primeiro passo nessa direção pode acontecer aos 11 anos, idade em que eles começam a provar bebidas alcoólicas. "Tudo hoje é mais precoce, da iniciação sexual ao uso de drogas", constata Ilana Pinsky, psicóloga e pesquisadora da Unidade de Pesquisas de Álcool e Drogas (Uniad), da Universidade Federal de São Paulo. Embora o uso de drogas não tenha o tom de contestação dos anos 60 e 70, ainda é visto como um comportamento adulto. "Eles se sentem transgredindo, correndo riscos, mudando de fase", diz a psicóloga. Além de experimentar muito cedo, os adolescentes também estão consumindo mais. Entre 1993 e 1997, quadruplicou o número de jovens que fumavam maconha mais de seis vezes por mês. É o que aponta estudo do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), realizado com 15 mil estudantes de 1o e 2o graus em dez capitais. "O adolescente tem menos defesas biológicas, seu organismo ainda está em formação. Quanto mais cedo começam a usar, maior é o risco de dependência", diz o psicólogo Içami Tiba, especialista em jovens. Muitos pais, ao se deparar com um caso de drogas em casa, chegam aos consultórios com a idéia de que o melhor é internar o filho. Mas os especialistas dizem que internação é um recurso extremo e estudos científicos mostram que 85% dos casos são tratados sem necessidade de internação. As clínicas de desintoxicação são indicadas para dependentes que tenham algum problema mental ou psíquico associado, ou quando existe risco de suicídio. Vale também para os casos em que já se tentou de tudo, sem respostas. Duas famílias que passaram por essa fase difícil contam aqui como superaram o choque inicial e decidiram partir para a ação. Quando o adolescente se torna um viciado, os familiares são considerados co-dependentes. Na maioria dos casos, os pais se sentem culpados e perdidos. Eles também precisam de ajuda. Pais atônitos, filha relutante O engenheiro Álvaro* e a dona de casa Virgínia*, ambos de 56 anos, sempre acharam que problemas com drogas aconteciam "lá fora, com os outros". Até que, há cinco anos, descobriram que a filha mais velha, Laila*, hoje com 22 anos, usava álcool e maconha diariamente. Foram três meses entre o susto da descoberta e a decisão de internar a filha, então uma adolescente de 17 anos, numa clínica. O tratamento de choque deu resultado. Há quatro anos, a estudante de psicologia Laila está "limpa", jargão usado para aqueles que pararam de se drogar. O episódio acabou unindo a família, reconhece a irmã caçula, Lúcia*, de 19 anos. Laila – Tenho um perfil de quem é propenso a usar drogas: sempre fui tímida, achava que ninguém gostava de mim. No colegial entrei para a galera que matava aula para ficar no boteco. Bebia cerveja e rabo de galo [pinga com vermute]. Quando enchia a cara me sentia legal, todo mundo virava amigo. Aos 16 anos comecei a fumar maconha com essa turma, mas a droga só fazia efeito quando misturava com álcool. Virgínia – Há cinco anos, estávamos no nosso sítio, quando ligaram de São Paulo dizendo que Laila estava em coma alcoólico. Foi um choque. Nem sabia que ela bebia. Álvaro – Entendi como uma coisa da idade. Qual adolescente não tem uma bebedeira? Eu tomava minha cerveja e até oferecia um gole para as meninas. Achava melhor do que elas provarem na rua. O problema é que a Laila foi ficando agressiva... Lúcia – Ela sempre foi geniosa. Laila – Quando bebia, era a última a capotar. Não conseguia fazer nada "só um pouquinho". Essa compulsão é outro dado do perfil de quem se vicia. Fiz amizades com uns hippies. Comecei a fumar com eles no fim de semana, depois passei a usar maconha todos os dias. Álvaro – Ela não nos ouvia mais, tínhamos discussões homéricas por motivos fúteis. Chegamos ao ponto de um não olhar para a cara do outro. Perguntei uma vez se ela usava drogas, ela negou. Laila – Temos opiniões divergentes em relação a política, a moral. Não me conformava de as pessoas se preocuparem com o preço da batata enquanto existe guerra. A maconha me afastava desse mundo de gente normal, me dava coragem para dizer aos meus pais: "Vocês não mandam em mim!". Quando eles descobriram, eu estava fumando maconha e já tinha provado crack. Não sei como não morri, porque perdi a noção de perigo. Cheguei a ficar à beira de um penhasco, enlouquecida. Virgínia – A gente via que ela estava diferente, mas não sabia o que fazer, até que encontrei um cigarro de maconha na gaveta do quarto dela no sítio. Fiquei desesperada, saí gritando e ela fugiu correndo. Laila – Fui para a casa de uma amiga. Meu desespero era que meus pais iam me proibir de sair e de fumar. Álvaro – Ela nos pegou descalços. Eu achava que problemas com drogas aconteciam lá fora com os outros... Virgínia – Pensávamos: "Onde erramos?". Criamos as duas do mesmo jeito! Elas tinham palestras sobre drogas na escola, a gente dava a entender que era contra... Lúcia – Acho que nunca me envolvi porque sou mais medrosa. fonte:http://revistamarieclaire.globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário