terça-feira, 20 de março de 2018

Brasil tem um político executado por mês, revela levantamento

Levantamento feito pelo GLOBO com base em informações reunidas pela União dos Vereadores do Brasil (UVB) mostra que casos como o da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), morta na quarta-feira passada, não são exceção: desde o começo de 2017, o Brasil teve 15 vereadores e prefeitos executados, uma média de um por mês. Em pelo menos seis desses casos as investigações identificaram motivação política. O estado com mais casos é o Pará, onde dois prefeitos e dois vereadores foram mortos. Um deles foi Diego Kolling (PSD), prefeito de Breu Branco, morto a mando do presidente do PSD no Pará, Ricardo Chegado, segundo as investigações. Kolling foi baleado em maio de 2017, enquanto andava de bicicleta com amigos. Chegado foi preso pela Polícia Civil do Pará em julho. Já a cidade de Batalha, no sertão de Alagoas, teve duas mortes ligadas a uma disputa entre políticos locais. O vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o Neguinho Boiadeiro (PSD), foi executado em novembro do ano passado. Sandro Pinto (PMN), seu colega na Câmara, foi preso por participação na morte. O crime desencadeou uma onda de violência na política local, que culminou na morte do vereador Tony Carlos Silva de Medeiros, conhecido como Tony Pretinho, em dezembro. Ele foi morto a tiros pelo filho de Neguinho Boiadeiro, José Márcio Cavalcante, que acusava o parlamentar de ter envolvimento na morte do pai. José Márcio já havia se envolvido em um atentado contra outro político da cidade. Para o presidente da UVB, Gilson Conzatti, as mortes com motivação política são uma realidade presente principalmente em cidades pequenas. Ele afirma que nesses locais o exercício das prerrogativas do mandato, como a fiscalização, é mais difícil. — O vereador, quando se propõe a fiscalizar, fica sujeito a riscos se há pessoas mal intencionadas do outro lado. Nas cidades pequenas todo mundo se conhece. O vereador faz uma denúncia e acaba virando inimigo de um outro grupo — disse Conzatti. Ainda segundo ele, a execução de Marielle Franco pode ser um divisor de águas na violência relacionada à política no país. Ele afirmou que a direção da UVB vai se reunir para criar uma campanha que mobilize autoridades, como a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal, no combate a esse tipo de crime. — Eu acho que temos que pegar a Marielle como uma bandeira. Dentro de suas convicções, ela exercia o mandato com excelência, realizando aquilo que um vereador deveria fazer. Com certeza estava incomodando por isso — completa.Fonte O Globo

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