segunda-feira, 20 de maio de 2013

Família Paranaense muda a realidade dos que vivem em extrema pobreza

No Jardim Vitória, em Turvo, a dez minutos do centro da cidade, Arlete Ribaski (50) trabalha em sua pequena horta. Dali tira alimentos que vão à mesa da família, formada pelo filho Marciano, a nora Maria Beatriz e o neto Erick Vinícius. Além de cuidar da horta da casa, três vezes por semana Arlete trabalha também em outra horta na cidade, o que lhe garante uma renda extra para ajudar pagar contas e dar mais conforto à família. Antes do trabalho, Arlete sobrevivia com R$ 70,00 mensais de auxílio do Bolsa Família. Arlete iniciou a atividade de horticultura há dois anos, quando ingressou no Grupo de Convivência Horta Doméstica, do Centro de Referência e Assistência Social (Cras) de Turvo, município da região central do Paraná. O trabalho faz parte do Programa Família Paranaense, do Governo do Estado, que promove o resgate social de famílias que vivem em extrema pobreza e vulnerabilidade social, para mudar a realidade das pessoas. Além da capacitação, Arlete recebeu tratamento contra o tabagismo e alcoolismo e conseguiu documentos de identidade, o que lhe garantiu o acesso ao benefício do Bolsa Família. Ela e o filho também estão entre as 40 famílias de Turvo que serão beneficiadas com novas casas da Cohapar. Nas atividades do programa, Arlete aprendeu, também, panificação, culinária, jardinagem e floricultura. “Depois que comecei a fazer esses cursos, a vida melhorou bastante. Hoje tenho de onde tirar nosso sustento”, contou Arlete. Atualmente, o programa atende a 168 famílias de Turvo. Assim como Arlete Ribaski, muitas pessoas aprendem uma nova atividade e ingressam no mercado de trabalho, com oportunidade de melhorar a renda familiar e alcançar a emancipação social, ou seja, a autossuficiência, que é o principal objetivo do Família Paranaense. Em todo o Paraná já são cerca de 30 mil famílias, de 130 municípios. A meta é que o programa esteja em 84% dos municípios até o final de 2014, envolvendo de 100 mil a 106 mil famílias. “O programa tem porta de entrada e de saída”, diz a secretária da Família e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa. Ela explica que durante dois anos é realizado um trabalho intenso para que a família supere sua condição e possa caminhar com as ‘próprias pernas’. “Uma família emancipada é aquela que deixa de depender de benefícios, resgata sua autoestima e constrói um novo projeto de vida. Este é o objetivo do Família Paranaense”, afirma Fernanda. SEGUINDO EM FRENTE - O dia a dia na casa de Elza Schafer é hoje bem diferente do que há um ano e meio. Pelo programa Família Paranaense, ela conseguiu um emprego de meio período em uma empresa de serviços gerais em Turvo. Separada do marido, Elza mora com os três filhos pequenos em uma casa de aluguel, e sobrevivia apenas com a doação de cestas-básicas. “Só tenho a agradecer a ajuda que estou tendo. Mudou bastante minha vida, na saúde, no trabalho, em tudo. Com este apoio, estou seguindo em frente”, afirmou. Elza está aprendendo a ler e a escrever e já sonha com um emprego melhor. Ela também passou por tratamento contra o tabagismo e contou com o apoio de um grupo de convivência familiar. Ainda este ano, Elza e filhos devem se mudar para a nova casa, que receberão da Cohapar, e deixarão de pagar R$ 200,00 mensais de aluguel. Uma de suas mais belas lembranças dentro do Família Paranaense aconteceu em 2012, quando viu seu filho mais velho, Gabriel, de 8 anos, voltar a enxergar. “Ele sofria com um grave problema de visão. O pessoal do CRAS mandou ele rapidinho para um transplante de córnea em Curitiba. Foi demais ver a alegria dele podendo enxergar novamente”, contou emocionada. Gabriel, que corria risco de perder a visão, hoje frequenta normalmente o ensino fundamental. VIDA MELHOR - Com o programa, o governo estadual presta atendimento a famílias que vivem em situação de extrema pobreza. Criado em 2012, o Família Paranaense é coordenado pela Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social e reúne 17 secretarias estaduais, além dos municípios. Para participar do programa, o município faz a adesão formal e estrutura sua rede de assistência social, contando para isso com com suporte técnico e de planejamento do Estado. Uma vez estruturada a rede, o município identifica as famílias que vivem em extrema pobreza e vulnerabilidade social e passa a atuar, junto com o governo, no atendimento. O grande diferencial do programa é a sua metodologia, que faz com que o trabalho seja feito em rede, com política articulada, atendendo integralmente as famílias. “É a união de fatores que promove o resgate das pessoas”, ressalta a coordenadora do Centro de Referência e Assistência Social de Turvo, Adelayne Ferreira de Campos. O programa se adequa a necessidade de cada família, dando apoio na área em que ela mais precisa. Em contrapartida, elas se comprometem a buscar, durante os dois anos de inserção no programa, sua emancipação social. “A gente vê muito a questão da capacitação, porque é dessa forma que a pessoa vai conseguir um emprego formal e ter realmente um salário digno e uma vida melhor”, destaca Adelayne. No início, as famílias são encaminhadas para unidades de saúde, onde recebem atenção especial. Se a mulher estiver grávida, por exemplo, é inserida no Programa Mãe Paranaense, dependentes químicos são encaminhados para atendimento em comunidades terapêuticas, pessoas com deficiência para a Rede de Proteção Especial, crianças e jovens são encaminhados às creches ou à rede de educação. A partir do momento em que têm acesso a questões essenciais, as famílias passam a buscar fontes de renda. Para isso, contam com o apoio da Secretaria do Trabalho para qualificação e recolocação no mercado, formal ou informal. A partir do segundo semestre deste ano, o Governo do Estado entrará com apoio extra de renda, de forma a complementar o que as famílias recebem do Bolsa Família Para isso, o governo estadual irá destinar R$59 milhões para atender 106 mil família, neste e no próximo ano.

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